Gravação Completa | Mesa-redonda: Impactos da Covid-19 para o turismo e a hotelaria | Live Secovi-SP
Mesa-redonda debate o caminho da recuperação do setor de turismo
Em live promovida pelo Secovi-SP, secretário estadual Vinícius Lummertz e empresários da área indicam os rumos para a retomada
O Secovi-SP promoveu na segunda-feira, 11/5, uma mesa-redonda com a participação do secretário estadual de Turismo de São Paulo, Vinícius Lummertz, e diversos especialistas da área, tendo como facilitador o vice-presidente de Assuntos Turísticos Imobiliários do SECOVI-SP, Caio Calfat. Logo no início da transmissão, o presidente do Sindicato da Habitação, Basilio Jafet, falou sobre os impactos da pandemia no setor turístico-hoteleiro, um dos mais afetados pela crise do coronavírus. ‘’É frustrante ver hotéis fechados, os clientes com medo de entrar nos quartos.”, disse, lembrando ainda das barreiras colocadas por municípios e o fechamento de fronteiras entre diversos países. “Isso cria uma insegurança muito grande para a família que quer viajar e nas viagens de negócios. O turismo deve levar um tempo para se recuperar e temos de encontrar maneiras criativas de vencer esse desafio’’, declarou.
O secretário Vinícius Lummertz afirmou que o governo de São Paulo já está preparando a retomada do turismo para o pós-pandemia, com todos os protocolos de saúde e segurança garantidos. ‘’Essa saída se dará junto com a parte sanitária, para que não exploda nosso sistema de saúde”, destacou. De acordo com ele, o caminho para a recuperação mais rápida do setor é buscar o mercado interno. “Se tivermos resiliência, teremos turismo interno.”
Lummertz salientou ainda que a crise gerada pelo coronavírus criou a oportunidade de arrumar questões como burocracia, legislação e impostos. Entre os conhecidos gargalos para o desenvolvimento do setor, ele citou a falta de investimento em marinas e portos turísticos, bem como os altos impostos – que devem ser revistos por meio de uma política estrutural que beneficiará não apenas o turismo, mas o País como um todo. “Portugal e Espanha estão retirando os impostos do turismo, o que é um movimento possível, contanto que haja agenda”, pontuou.
“Precisamos incluir o termo Viagens junto a Turismo para que as pessoas entendam que se trata do transporte de pessoas, mercadorias, de uma cadeia logística fundamental para a economia como um todo. Porque, na hora da política, Turismo é sinônimo apenas de lazer para os economistas”, comentou o secretário, salientando ter chegado a hora da mudança de nomenclatura dessa indústria.
Lummertz enfatizou a importância do Plano São Paulo, uma espécie de guia aos diferentes setores econômicos, com protocolos e práticas específicas para cada operação, e que serão obrigatórios com o fim da pandemia. Sobre o turismo, ele citou a criação do Mutirão do Turismo, resultado de uma parceria entre a Pasta e FIA-USP (Fundação Instituto de Administração). Além das informações atualizadas sobre o setor, a plataforma também dá acesso ao Programa de Crédito Turístico, criado pela Secretaria de Turismo com a Desenvolve SP para viabilizar linhas de financiamento em condições especiais oferecidas por instituições parceiras.
Iniciativas - O ex-presidente do Grupo Accor e presidente da Bonadona Hotel Consulting, Roland Bonadona, um dos participantes da live, disse que o turismo doméstico e de proximidade, com destinos ligados à natureza, devem ser as principais tendências do setor, logo após o término da pandemia, mas disse que, para isso, são necessárias diversas ações. ‘’Precisamos de um plano, com metas, objetivos e monitoramento. Nós já tínhamos um turismo funcionando, não precisamos reinventá-lo. Precisamos colocar pressão no sistema, com o turismo doméstico e de proximidade”, afirmou. Para ele, as baixas ocupações na hotelaria é um desafio muito grande. “Empresários do segmento já falam que se os hotéis conseguirem 50% de ocupação média em 2020 será muito bom”, lamentou.
Investimento nos destinos foi uma das estratégias citadas, durante a transmissão, por Guilherme Paulus, fundador da CVC Viagens e Turismo e da GJP Hotéis & Resorts. “Se a cidade for boa para o morador, será boa também para o turista’’, destacou, pontuando a necessidade de infraestrutura e revitalização para concretizar o plano de reestruturação da área, mesmo diante de um quadro de menores ocupações nos hotéis num primeiro momento pós-pandemia. Paulus lembrou também que os custos devem mudar muito diante da crise global, o que requer preparação do trade. “Os hotéis da Serra Gaúcha reabriram neste último fim de semana e a ocupação foi de 15%. Até dezembro, deveremos ter médias de 25% a 30% e os negócios terão de se adaptar a isso”, disse.
O ex-presidente do Secovi-SP, Romeu Chap Chap, ressaltou que a variação do dólar também será um incentivo para as cidades turísticas brasileiras. "Seria um estímulo para o turismo interno, não apenas pela crise. As moedas internacionais deixaram quase impossível o brasileiro viajar para o exterior’’.
Para Caio Carvalho, ex-ministro do Turismo, as soluções relacionadas ao fortalecimento do mercado interno vão exigir planejamento estratégico e campanhas de incentivos. “Foi o que aconteceu em Nova York, após o 11 de setembro. Houve um chamado para que os norte-americanos visitassem seu País. Deu certo porque eles são patriotas, mas será que o brasileiro vai seguir pelo mesmo caminho? É preciso que seja criada uma campanha grande nesse sentido”, sugeriu. “Já vencemos muitas adversidades e vamos passar por mais essa”, disse. Entretanto, ele se mostrou cético em relação à atração de investimentos. “Temos de pensar nas questões conceituais, mas também no agora, no dia seguinte à reabertura. O brasileiro vai viajar com a economia abalada? Os hotéis vão conseguir manter preços? As empresas vão sobreviver? É preciso colocar à mesa todas as verdades desse País que não está bem”, ressaltou.
A presidente da Blue Tree, Chieko Aoki, sugeriu uma união entre os setores para buscar a recuperação do setor. “Precisamos de campanhas para que o brasileiro tenha orgulho do País, destacando a hospitalidade brasileira”, indicou. Aoki complementou, ainda, dizendo que o setor está precisando agora de preços justos e sem disputas tarifárias. ‘’Temos que planejar soluções para o longo prazo e temos que fazer junto ao poder público’’.
Ao final, Caio Calfat elogiou o debate. “Foi um encontro inesquecível, pela qualidade dos debatedores e profundidade dos temas, que certamente contribuirão muito para a recuperação do setor após o término da pandemia”, finalizou.
Fonte: SECOVI-SP