Hotéis e Hospitais Unidos do Brasil

Autor: Caio Calfat, presidente da Adit Brasil, vice-presidente de Assuntos Turísticos-Imobiliários do SECOVI-SP, diretor geral da Caio Calfat Real Estate Consulting.

Vivemos tempos difíceis: saídos de profunda recessão econômica, pudemos apreciar os primeiros raios de sol de novos e promissores tempos, com sinais de melhora do mercado e crescimento econômico e o turismo começando a dar os primeiros passos para sua recuperação... 2020 prometia!

Mas a pandemia do COVID-19 tem sido mais forte, interrompendo abruptamente o viés de desenvolvimento e provocando a mais profunda crise que um dia vivemos. E, mesmo nós brasileiros, talvez os maiores especialistas do planeta em superação e criatividade, temos tido muitas dificuldades para conviver com as situações de confinamento social e paralisia da economia, na vã busca de como devemos agir e do menor risco para nossas vidas e a de nossas famílias, de nossos negócios, de nossas atividades. Em tempos de radicalizar nossas tomadas de decisão, o mais difícil tem sido entender e aceitar, inconteste, a verdade absoluta.

O mesmo ocorre com o setor hoteleiro: como não é possível se estocar diárias hoteleiras, grande parte dos hotéis do país estão fechados ou irão fechar em poucos dias, significando centenas de milhares de trabalhadores desempregados, sem qualquer previsão de retorno ao trabalho. 

As medidas apresentadas na MP 927 não são suficientes, mas o governo federal irá complementar com novas medidas, especialmente para ajudar os setores hoteleiro e turístico a cumprirem seus compromissos e evitarem a demissão em massa. Linhas de financiamento, proteção do emprego, adiamento dos compromissos, redução ou eliminação parcial de tributos temporariamente, fazem parte das medidas que o mercado aguarda.

De outro lado, há os hospitais que estão se preparando para atuar em cenário de colapso da saúde pública e atender a uma imensa demanda por leitos provocada pelo coronavírus. Estes hospitais precisam de soluções para abrigar pelo menos quatro tipos de usuários:

  • Equipes médicas que trabalham principalmente no atendimento de contaminados, nos mais variados estágios da doença;

  • Doentes em grau leve, com coronavirus ou não, mas que não necessitam da internação hospitalar imediata, liberando o leito para os casos mais graves, ou mesmo os que já estão em processo de recuperação;

  • Parentes de doentes contaminados nos mais variados estágios da doença (especialmente os de fora);

  • Idosos e potenciais integrantes do grupo de risco, a serem isolados, principalmente em eventual situação de adoção de quarentena vertical, por parte do governo federal.

É possível unir as pontas, sim: oferecer aos hospitais a oferta de quartos de hotéis neste momento fechados ou parcialmente abertos, por todo o país! E aí vai a nossa principal contribuição para superarmos este momento: nossa empresa, em parceria com o SECOVI-SP e a ADIT Brasil, vem realizando levantamento permanente deste cenário e a viabilização destas parcerias entre hospitais e hotéis, por enquanto nas maiores cidades, mas com expectativa de atingirmos boa parte do país.

O cenário atual é grave, mas, ao invés de nos lamentarmos, cada um fizer um pouco que seja, compartilhando aquilo que puder – seja conhecimento, tecnologia, soluções, alternativas –, poderemos vislumbrar muito menos impactos econômicos do que prevemos. É hora de agir, de transformar e não perder a oportunidade de concretizar muito do que vinha há anos sendo protelado.