Multipropriedade continua crescendo e já atinge R$ 28 bilhões em VGV
O número de novos empreendimentos no Brasil cresceu de 109 em 2020 para 128 nesse ano, segundo relatório elaborado pela Caio Calfat Real Estate Consulting
O ano de 2020 foi extremamente desafiador para a indústria hoteleira em razão da pandemia da COVID-19. O segmento foi um dos primeiros a sofrer as consequências do isolamento social e restrição a viagens e um dos últimos a normalizar às atividades, mas isso já é uma realidade. Segundo uma pesquisa que acaba de ser divulgada pela JLL, um dos maiores players globais na prestação de serviços imobiliários e em gestão de investimentos, a indústria hoteleira do Brasil viveu seu pior momento em 2020. Houve queda de 56% na taxa de ocupação e 14,5% na diária média. A margem de lucro bruto foi negativa em 3,9%. No mundo, a liquidez do setor de hotelaria despencou 60% no mesmo ano, em decorrência da pandemia. Mas um setor na hotelaria cresceu na contramão da pandemia.Trata-se da multipropriedade, um modelo de negócio inspirado no fractional norte-americano que consiste em vender um apartamento para vários donos. Numa conta simples e hipotética, se um apartamento vale R$ 500 mil e fica difícil encontrar em um único comprador, divide ele em 10 compradores e R$ 50 mil em investimento fica mais fácil a venda. Os investidores podem usufruir da hospedagem por um certo período no ano (geralmente é de uma semana) e nos demais, o apartamento fica no pool de locação rendendo rentabilidade. Caso o investidor não queira usar esse período do ano, ele pode intercambiar e usar em outros locais no Brasil e em várias partes do mundo. E o fato de ter uma escritura dessa porcentagem do apartamento lavrada em escritura no cartório, caiu no gosto do brasileiro.
Com isso, o número de novos empreendimentos cresceu de 109 na pesquisa de 2020 para 128 e isso foi identificado numa pesquisa que a Caio Calfat Real Estate Consulting está finalizando e vai divulgar no ADIT Share que acontece de 23 a 25 de setembro no Bourbon Atibaia Resort. Mas alguns números já podem ser conhecidos, como o VGV – Valor Geral de Vendas que era de R$ 24,1 bilhões em 2020 e agora alcançou algo em torno de R$ 28.3 bilhões. “Ainda estamos finalizando o relatório dessa pesquisa, mas já podemos identificar esses dados. Com o crescimento desse número e considerando os empreendimentos que estejam no mínimo vendendo (em construção ou prontos), seguramente deverá ser de 30% ou 35% maior. Isso mostra a pujança do mercado e o crescimento apesar das duas crises (a primeira em 2015 a 2018 e a segunda relacionada a pandemia). E dentro da crise da pandemia, pelo menos quatro a seis meses de estandes fechados, com as empresas se virando para vender pela internet. E mesmo depois que os estandes abriram, com as limitações de viagens pelo País, então, os compradores presenciais naquele segundo semestre do ano passado, ou terceiro trimestre do ano passado, foram de carro comprar, pois não haviam voos. Foi um período atípico e mesmo assim, o setor cresceu”, destaca o Consultor Caio Calfat.
Crescimento em 68 regiões no Brasil
Uma das hipóteses desse crescimento da multipropriedade na contramão da pandemia da COVID-19, na opinião de Calfat pode estar ligada ao crescimento em todo o setor imobiliário em virtude da baixa dos juros da taxa Selic. Mas para ele, a multipropriedade não é agente chave para investimento, normalmente se compra para uso. “Então esse foi um fenômeno muito interessante que aconteceu, apesar do crescimento do setor imobiliário e da busca de compra de imóvel, que saiu do mercado de capitais e entrou no mercado imobiliário, esses investidores foram atrás preferencialmente de empreendimentos de renda. Escritórios para locação e mesmo apartamentos para locação. E não apartamentos de férias, muito menos fracionado, com vários outros proprietários. Trata-se de um fenômeno interessante”, revelou Calfat.
O relatório de 2020, havia identificado 60 regiões no Brasil onde a multipropriedade estava implantada com sucesso, mas nesse novo o número cresceu para 68 cidades. Isso quer dizer que continua ocorrendo o fenômeno da multipropriedade alavancar novos destinos, criar novos destinos. O que é muito bom e interessante, uma vez que o Brasil não explora minimamente todo o potencial turístico que têm, a multipropriedade tem feito parcialmente esse papel, de alavancar novos destinos, de conseguir colocar no mapa dos destinos turísticos brasileiros, municípios e regiões que não eram conhecidas do grande público e até o público regional. “Você pega cidades no Mato Grosso, em Goiás, Mato Grosso do Sul, nas quais mesmo os habitantes não conheciam, ou conheciam de passagem, sem aprofundamento. E eles estão sendo apresentados ao grande público por meio da multipropriedade, e isso é de uma riqueza, de um valor inestimável e os benefícios obtidos vão reverberar nas próximas décadas e nas próximas gerações, a descoberta desses destinos novos, seja de praia, seja de campo, de montanha, ou mesmo nas áreas urbanas”, lembra Calfat.
Confiança no setor
E esse momento de crescimento da multipropriedade também estão presentes nas novas afialiações que a RCI, um dos maiores players mundiais da indústria de tempo compartilhado e intercâmbio de férias. “Considerando a indústria da propriedade compartilhada, de modo geral, entre os meses de janeiro e junho, nós somamos 13 afiliações. Comemoramos a chegada em destinos nos quais não tínhamos presença ainda, como é o caso de Canela, no Rio Grande do Sul; Maresias, em São Paulo; e Jericoacara, no Ceará. Esperamos, até o final de 2021, concretizar aproximadamente outras cinco novas afiliações, além das já confirmadas neste primeiro semestre.
Estamos certos que nos próximos anos, esse crescimento orgânico continuará sendo propulsor de desenvolvimento do turismo, de modo geral, e do setor hoteleiro, em particular. Isso porque, na medida em que esta indústria fomenta o setor hoteleiro, ela impacta diretamente em dezenas de outros setores que orbitam ao seu redor, entre os quais estão locação de veículos, receptivo, agências e operadores, companhias aéreas, serviços locais e o próprio destino com suas atrações”, revela Fabiana Leite, Lider de desenvolvimento de negócios da RCI na América do Sul.
Indústria consolidada
Outro grande player mundial da indústria de tempo compartilhado que também demonstra otimismo com o crescimento da multipropriedade no Brasil é a Interval. “Pertencemos ao Grupo Marriott Vacations Worldwide e temos os Estados Unidos nosso maior mercado, onde essa indústria é consolidada há mais de 40 anos. O México e Caribe são os segundos maiores mercado, seguidos pela América do Sul, com destaque para o Brasil. A multipropriedade é a bola da vez para empresas como a Interval, o mercado nunca esteve tão aquecido no Brasil, mesmo com a pandemia. Nós oferecemos serviços de intercâmbio e programas de férias para proprietários de multipropriedade e esse é nosso core business”, diz Fernando Martinelli, Diretor executivo da Interval Brasil. Segundo ele, novos afiliados entraram na plataforma da Interval mesmo durante o período da pandemia e ele cita: “Afiliamos hotéis como Infinity at the Sea em João Pessoa (PB), o Flame Hotel em Canela (RS), o Tedesco Ecopark (RS) e o Capivari Ecoresort (PR). Algumas multipropriedades como o Surfland em Garopaba (SC), o Residencial Bourbon em Itapema (SC), o Infinity Tower Flat (SC), dentre outros, como a Own Hotels com empreendimentos no Rio e em Salvador. A expectativa é de bom crescimento nos próximos três anos, estamos lançando novos produtos e plataformas para melhorar ainda mais a performance dos nossos clientes. Nenhum segmento tem maior potencial que a multipropriedade como alavanca para o desenvolvimento do turismo no País. Acredito que este mercado deva perdurar por muitos anos com taxas atrativas de crescimento”, assegura Martinelli.
Entrada de grandes grupos no setor
E diante desse cenário promissor de oportunidades, era natural que os grandes grupos que trabalham na indústria do turismo imobiliário aderissem a multipropriedade para alavancar seus negócios. O Ferrasa é um bom exemplo tendo em vista que foi o pioneiro no setor de entretenimento de Olímpia (SP) que de uma cidade cercada por cana de açúcar e muito sol quente, se transformou na ‘meca’ do turismo no Brasil, graças a sua água termal que atrai mais de três milhões de turistas ao ano. Heber Garrido, Diretor de marketing e vendas do Grupo Ferrasa revela que o planejamento para entrar no segmento da multipropriedade começou em 2015 e em 2016 foi lançado o Hot Beach Suites no mercado de Olímpia. Para isso, foi montada uma sala de vendas anexa ao Thermas Park dos Laranjais, em parceria com a New Time, uma empresa de consultoria de multipropriedades. O empreendimento de 442 apartamentos teve dez mil contratos vendidos e entrou em operação no mês de julho. Isso animou o Grupo Ferrasa a apostar novamente nessa modalidade de negócios. “Estamos finalizando o projeto para lançar em breve o Hot Beach You que será nosso principal empreendimento, com 800 apartamentos e será entregue em três fases. A primeira fase com toda parte de entretenimento, alimentos e bebidas e uma parte proporcional desses apartamentos, a partir de 2023. O lançamento está previsto, a princípio, para o final desse semestre, começo de semestre de 2022. É um VGV de R$ 1 bilhão, também um produto voltado para famílias, com uma proposta, a exemplo do Hot Beach Resort & Suítes, anexo ao parque. Essa estratégia do entretenimento fazendo parte do complexo é um grande diferencial do Grupo Ferrasa. Então ele também vai estar ali na região compondo o Hot Beach Resorts. O Hot Beach You vai ter um grande diferencial que é a proposta de experiência, de entretenimento, de alimentação e compras voltada para o período noturno. Sentimos que Olímpia tem essa necessidade e queremos apostar nisso. Ele será um resort de parque aquático, como os outros, mas ele tem uma proposta voltada muito para a programação noturna’, detalha Garrido.
Preocupações do setor
Como no Brasil as boas oportunidades de negócios sempre atraem aventureiros e oportunistas, no segmento hoteleiro isso não é diferente. Basta ver o que a especulação imobiliária desenfreada e irresponsável de algumas incorporadoras e construtoras fez com a super oferta na construção de hotéis para atender as Olímpiadas e Copa do Mundo no Brasil. Cidades como Belo Horizonte e Rio de Janeiro ainda amargam enormes prejuízos e isso colocou em dúvida se o modelo de negócio condo hotel poderia prevalecer e até a CVM – Comissão de Valores Imobiliário interveio. E essa preocupação começa a pairar sobre a multipropriedade se poderá haver superoferta em alguns destinos e com isso lesar muitos investidores. A multipropriedade tem um bom arcabouço jurídico baseada na Lei 13.777/18, mas como a realidade do setor mudou muito nesses últimos três anos, é necessário aperfeiçoar os mecanismos de controle. Para isso, o Núcleo Turístico Imobiliário do SECOVI/SP, que tem Caio Calfat como o Coordenador, está criando o Manual de Boas Práticas da Multipropriedade para trabalhar no aperfeiçoamento da Lei que regula o setor. “Quando fizemos o primeiro texto que culminou com a Lei 13.777/18, o mercado era muito embrionário e insipiente ainda. Agora o mercado já tem história para contar dos empreendimentos prontos e percebemos que existem pontos que podem ser abordados e não o fizemos pela falta de informações de como iria acontecer o transcorrer do projeto na vida prática. Agora que temos essa noção, já encaminhamos para o nosso Congresso, uma versão de um novo PL que aperfeiçoa a lei original de multipropriedade. Devemos abordar exatamente quatro ou cinco pontos, todos eles relativos a operação da multipropriedade, a questão operacional e que servem para dar mais segurança, mais consistência e mais qualidade a esse modelo de negócio. Em seguida, vamos fazer uma segunda intervenção na lei através de um novo texto de ante projeto que vai abordar temas também relacionados com a operação, mas temas mais aprofundados que provavelmente vão demorar mais para serem aprovados pelo Congresso Nacional uma vez que deverão gerar mais algumas discussões”, prevê Calfat.
Ele destaca a necessidade de fazer essas adequações na Lei, pois a superoferta é preocupante. “O primeiro motivo é a degradação do destino. Há uma frase que usávamos no ano passado e podemos repetir esse ano com mais consistência, que é a capacidade da multipropriedade de criar destinos e destruir destinos. Se houver uma disparidade muito grande entre oferta e demanda. Se houver uma quantidade muito grande de unidades sendo vendidas em uma cidade que não tem minimamente a estrutura necessária para receber tantos empreendimentos. Entenda-se como estrutura, ruas, água, luz, esgoto, telefone, internet, fibra ótica, hospitais, acessos, aeroportos, estradas, e mesmo atrações turísticas. Tem que andar junto, a cidade precisa crescer com a oferta e a demanda precisa crescer com a oferta. Se alguma dessas três pontas não crescerem vai acabar havendo um desequilíbrio e isso pode causar a degradação do destino.
Ainda nessa questão sobre a prevenção. Exatamente ensinando, pregando sobre essa necessidade do destino. Muito desse trabalho deve ser feito pelos órgãos públicos, municípios que envolvem aquele destino. Você pega Gramado, por exemplo, tudo em volta é beneficiado. Deve haver uma espécie de cluster que cuide daquele destino porque ele é gerador de renda para aquela região e não apenas para o município principal, vamos colocar assim. E assim vale para todos os destinos turísticos brasileiros que têm sido contemplados pelo desenvolvimento da multipropriedade, no desenvolvimento dos novos projetos. Então a primeira lição, a primeira prevenção deve ser do próprio município que tem que perceber esse crescimento, se organizar primeiro com legislações de ocupação de solo condizentes com aquele crescimento, para não se instalar empreendimentos de forma desenfreada em qualquer ponto, de qualquer jeito. Tem que haver uma legislação de uso e ocupação do solo com estrutura necessária para que o município possa crescer juntamente com os novos empreendimentos. Feito isso, deve se considerar a estrutura como já foi citado anteriormente. Não adianta ter uma cidade recebendo 50 mil pessoas por semana e ter ali somente um hospital com 100 leitos. Tudo precisa crescer, tudo que compõe os serviços básicos de uma cidade precisa crescer, acompanhando a demanda com a mesma intensidade”, enfatiza Calfat.
Estoque preocupante
Outro ponto que o preocupa o Consultor Calfat são os estoques. Esse novo estudo que está sendo lançado identificou que o número de cotas que estão sendo oferecidas no mercado hoje e as que foram compradas, temos hoje em estoque, desses 128 empreendimentos, algo como 49% de estoque, é muito alto. Ou seja, metade do que está sendo vendido está em estoque, não vendeu. Ou foi vendido e foi devolvido. “Houve distrato, houve cancelamento de compra, arrependimento de compra. O fato é que essa cota que foi devolvida acaba voltando ao estoque e é contabilizada como estoque. Quando o estoque passa de 30%, temos uma dificuldade imensa em saber se ele está alto porque não foi vendido ou porque tem empreendimento demais na praça e comprador de menos, ou por causa da pandemia. Talvez os empreendimentos continuaram a ser lançados, enquanto os compradores ficaram mais receosos de comprar na mesma intensidade que vinham comprando exatamente por causa da pandemia. Só teremos a resposta a essa pergunta no relatório do ano que vem. Isso é ruim, é prejudicial porque acaba, em um primeiro momento, reduzindo o valor de venda. Se tem muito produto na praça e pouco comprador, o produto cai de preço, essa é a primeira reação do mercado. Então essa certeza só teremos o ano que vem, infelizmente, mas precisamos voltar a atenção ao estoque alto, isso não pode ser desprezado. Outro ponto que também deve ser levado em consideração é a saúde financeira das empresas que operam no setor que é sempre saudável quando seus players, seus participantes, sejam confiáveis e corretos”, alertou Calfat.
Em relação a questão de especulação e confiança no setor da multipropriedade, Fabiana Leite da RCI lembra que: Um produto ou um serviço de qualquer índole e em qualquer indústria que esteja regulamentado dentro dos parâmetros da lei, provoca mais confiança e credibilidade tanto para o empreendedor, como para o consumidor final. Este é o caso da legislação da multipropriedade que, assim como o timeshare, graças à sua regulamentação, incentiva a melhorar as práticas comerciais dentro da indústria, o que representa grandes oportunidades e maior compromisso por todos e cada um dos atores que representam o setor. “O produto da multipropiedade é um grande complemento para o mercado turístico, particularmente para o consumidor que está buscando ter uma segunda residência em algum destino turístico, pagando exclusivamente pelo tempo que irá utilizar, e com a vantagem de contar com uma administração profissional. E estamos vendo com o crescente número de projetos e destinos onde estão oferecendo essa modalidade com muito êxito, pois o crescimento e surgimento de novos destinos devem estar atrelados a um plano de infraestrutura que possa atender a magnitude dos projetos que serão implantados. Alguns de nossos clientes já têm essa preocupação e já está em seu plano de negócios, e isso faz a diferença para promover e incentivar os novos destinos e, por consequência, os novos projetos. Pensemos o que aconteceu com Salinópolis, Olimpia e Gramado: esses destinos em um espaço curto de tempo sofreram modificações importantes para o seu desenvolvimento e são vistos hoje como parâmetros para o desenvolvimento de novos mercados”, disse Fabiana.
Renovar é preciso
Fernando Martinelli da Interval diz não acreditar na super oferta da multipropriedade no Brasil no curto prazo. “O País é imenso, há muita oportunidade e a multipropriedade cria destinos e inúmeras possibilidade. Mas criar atualizações na regulamentação do setor é de extrema necessidade”. A renovação dos destinos para Heber Garrido é muito importante para que a multipropriedade continue crescendo e ele cita o exemplo de Olímpia. “Entendemos que Olímpia está se preparando como destino, os dois parques mais visitados da América Latina estão aqui, um deles é o nosso e o outro é o Thermas dos Laranjais, que todo mundo sabe e fora isso tem novos e grandes investimentos vindo para cá. Para atender esse crescimento, essa oferta e demanda do mercado de multipropriedades, teremos o Museu de Cera que inaugura agora no final do semestre de 2021, o Bar de Gelo para o ano que vem, Outlet para o ano que vem, o aeroporto com data a ser definida. Temos aqui uma estratégia de união do poder público e iniciativa privada que funciona muito e sem dúvida vai proporcionar um potencial de crescimento muito forte para os próximos anos. Evidente que o Grupo Ferrasa baseia todo investimento e movimento estratégico baseado em pesquisas de mercado futuro para identificar qual o melhor produto, qual o melhor momento e a questão de oferta e demanda. Apostamos muito no destino Olímpia como um dos maiores destinos de crescimento do mercado de multipropriedade do Brasil, e o Grupo Ferrasa é protagonista nisso na região, é pioneiro e vamos investir ainda mais nesse setor para os próximos anos”, revelou Garrido.
Vendas digitais
Desde o surgimento da Multipropriedade esse segmento vem desafiando positivamente crises econômicas, retração imobiliária e provou seu potencial de crescimento em relação a diversos mercados. “Na pandemia, não foi diferente: foi aí que as vendas digitais, antes tidas como exceção na maioria dos projetos, foram alavancadas, profissionalizadas e hoje são parte fundamental de um projeto de sucesso. A venda presencial com captação ativa ainda continua e acreditamos que continuará como carro chefe em vendas mas também sofreu transformações e atualizações de processo”, comenta Adriana Chaud, CEO da Tudo Consultoria e Gestão em Multipropriedade.
De acordo com ela, durante todo esse período de pandemia a empresa buscou inovar com alternativas que pudessem combater os efeitos da pandemia nos projetos. “Implementamos um canal específico para vendas on-line, que até então eram feitas de modo tímido, em todos os nossos projetos. Canal este que possui um processo especial, otimizado e estruturado próprio para a venda digital, desde a captação de leads, filtro de perfil, apresentação de produto, fechamento de contrato e toda a parte contratual entre outros aspectos. Esse tipo de abordagem trouxe vendas com menor custo de operação, otimização de tempo e menor índice de cancelamento”, assegura Adriana. Outro aspecto que ela destaca é que foi um ano de muitas atualizações e novidades para os atendimentos nas salas presenciais. “Focamos em criar mais momentos de experiências dentro das salas de vendas, lugares instagramáveis e tornamos a apresentação totalmente interativa com os clientes, incrementando muitos momentos de participação que contribuem de forma expressiva para o resultado. Há algum tempo transformamos o speech gráfico ‘risca folha’ em um template já pronto, visualmente moderno e muito mais agradável, que facilita muito o entendimento. E neste momento passamos por mais uma atualização, transformando o speech gráfico em uma apresentação totalmente digital e interativa. Em aspectos estratégicos e de desenvolvimento de produtos junto aos empreendedores as atualizações e inovações também vieram com bastante aceleração. Não é possível fazer mais do mesmo esperando resultados crescentes. Acreditamos muito na evolução do nosso público final e é mais do que necessário que acompanhemos o comportamento dos nossos clientes que está sempre em constante mudança – concluiu Adriana.
Foco de atuação na multipropriedade
A multipropriedade é um modelo de negócio em destaque na Gramado Parks que atua na criação e gestão de empreendimentos de entretenimento e hospitalidade e teve seu primeiro empreendimento inaugurado nesta modalidade no início de 2019. “É um mercado relativamente novo no Brasil, que abrange uma grande parcela de consumidores com cultura de férias e viagens. Diante de tantas mudanças provocadas pela pandemia, enxergamos que o turismo doméstico será expandido e a multipropriedade se encaixará perfeitamente nessa “nova realidade”, pois as relações de trabalho e o estilo de vida das pessoas estão se reconfigurando, com mais flexibilidade e mobilidade geográfica, grande parte pela adoção do modelo híbrido ou de trabalho remoto por parte das empresas. Neste cenário, a multipropriedade, ganha uma nova relação com os seus clientes, se tornando um produto mais amplo e utilizado em diferentes ocasiões”, afirma Edson Cândido, Diretor comercial na Gramado Parks.
Atualmente, a empresa conta com seis empreendimentos comercializados no formato de multipropriedade, que totalizam 2263 unidades e mais de 25 mil frações imobiliárias. Todos os hotéis em Gramado (RS) já estão em operação, ou seja, Wyndham Gramado Termas Resort & Spa Gramado, Bella Gramado, Exclusive Gramado e Buona Vitta Gramado. Além desses, há outros dois em construção em novos destinos para a companhia: Aquan em Foz do Iguaçu (PR) e Namareh em Tamandaré, Praia dos Carneiros, Pernambuco. Além disso, o grupo tem um plano de expansão bem consistente para os próximos anos, o que inclui outras regiões do Sudeste, Nordeste e Sul. “A multipropriedade tem um conceito promissor, mas com exigências para garantir a fidelização dos clientes e a longevidade. É preciso ter amplo conhecimento de entretenimento, para assim, proporcionar uma experiência completa e agregar valor às famílias. Na Gramado Parks, atuamos com uma estratégia 360º, que nos diferencia no mercado: incorporamos, comercializamos e operamos nossos próprios hotéis, além de oferecermos todo o entretenimento para promover a melhor experiência aos nossos clientes. Trabalhamos todos os nossos hotéis de acordo com o seu posicionamento e características específicas, formando um portfólio de marcas consistentes e tendo como objetivo proporcionar toda qualidade que os consumidores exigem para realizar diferentes atividades e, ao mesmo tempo apreciar o destino turístico escolhido por eles”, afirma Ronaldo Fagundes, Vice-presidente de Hospitalidade na Gramado Parks.
De olho nas oportunidades do mercado
Outro grande player que enxerga com bons olhos o crescimento da multipropriedade no Brasil é a Wyndham Hotels & Resorts, maior empresa de franquias de hotéis do mundo, com mais de 8.900 propriedades, presente em 95 países e com um robusto portfólio de 21 marcas. A aposta da empresa também se faz no na propriedade compartilhada e para isso oferece as suas marcas para empreendimentos através do modelo de franquia ou de gestão, que trabalhem com o modelo de timeshare ou multipropriedade. É uma aposta da Wyndham neste segmento, a companhia é a única rede de hotéis internacional que opera propriedades sob este modelo de negócio no Brasil. “Administrar hotéis sob este sistema é necessário muita especialização e conhecimento. Contamos com uma equipe operacional altamente preparada e com know-how nesse segmento, que além da sua complexidade devido a quantidade de proprietários, pool flutuante e demais características, precisa ser muito transparente”, comenta Maria Carolina Pinheiro, Vice-Presidente de Novos Negócios.
A Rede anunciou recentemente sua 21ª marca ao portfólio, uma nova marca de luxo e com seu primeiro hotel no sistema de multipropriedade, o Grand Residence Riviera Cancun, a Registry Collection Hotel, no México. “Sabemos como uma marca é relevante em todos os segmentos, não somente para a hotelaria, cada dia mais os consumidores buscam identificação com uma marca. Acreditamos que uma marca internacional pode agregar muito no posicionamento do empreendimento, gerando credibilidade e visibilidade internacional,” complementa Maria Carolina. Ela lembra que a rede conta com seis de suas marcas presente no Brasil, as quais possuem forte posicionamento internacional, dentre elas estão: Wyndham, Tryp by Wyndham, Ramada Encore by Wyndham, Ramada by Wyndham e Wyndham Garden by Wyndham, somando 38 propriedades no País.
Além de focar o segmento de multipropriedade, a Wyndham atua fortemente no Brasil no modelo de franquia e de administração. Além disso, conta uma equipe coorporativa com diversos departamentos, que acompanham mais de 200 hotéis na região, o que possibilita seguir as tendências de cada mercado e criar ações inovadoras, contribuindo para o resultado dos empreendimentos. Um serviço importante que oferecem é o acompanhamento da equipe de Design e Construção da Wyndham, especialista em hotelaria que dão suporte desde a concepção do projeto, com a finalidade de otimizar espaços, contribuir para uma operação mais eficiente e gerando menores custos.
Multipropriedade com Padrão Internacional
Ao entrar no mercado de multipropriedade brasileiro em parceria com a Hard Rock Hotel, há pouco mais de quatro anos, a VCI SA rompeu todas as barreiras do segmento e revolucionou o mercado. Em um setor acostumado à realidade dos resorts regionais, lançou empreendimentos de padrão internacional de hotelaria, mudou a forma de vender multipropriedade no país, conquistou o público AA e gerou assim grande desejo nos clientes ao oferecer a marca temática de experiência que mais tem fãs em todo o mundo.
Com a visão empreendedora de Samuel Sicchierolli, sócio controlador e presidente da VCI SA, e com altos executivos que vieram de outros setores e tem um agressivo pacote de stock option e bônus, a companhia surpreendeu o segmento de forma inovadora, dinâmica e sustentável, trazendo uma oferta diferenciada que até então não existia para os consumidores das classes altas. Ao buscar as localizações mais privilegiadas do Brasil e trazer referências globais na hotelaria mundial, com características exclusivas e customizadas, a VCI conseguiu criar uma oportunidade única a este consumidor exigente, que busca segurança e valorização de seu investimento.
Crescimento expansivo na pandemia
A VCI SA é a empresa que mais cresceu no setor de multipropriedade no Brasil, durante a Pandemia, graças a um inédito sistema de vendas on-line. Segue líder isolada de vendas no segmento premium e no ritmo atual em 16 meses será uma das maiores incorporadoras do Brasil com mais de R$ 6 bilhões em VGV. São oito hotéis e resorts já assinados com a marca Hard Rock no Brasil, sendo três deles já em construção: Fortaleza, Ilha do Sol e São Paulo – na avenida Paulista, e outros cinco em fase de projetos: Campos do Jordão, Jericoacoara, Foz do Iguaçu, Natal e Recife.
Hoje com apenas dois empreendimentos em comercialização, a VCI deve ultrapassar a marca de R$ 1,3 bilhão em VGV até o final de 2021. Com a proximidade da entrega, aumenta ainda mais a velocidade de venda do empreendimento de Fortaleza, na praia de Lagoinha, e da Ilha do Sol, na região Norte do Paraná – que por causa do empreendimento mais de 30 municípios já estão adotando este nome como a marca turística de toda a região.
Numa estratégia ousada e na contramão do mercado tradicional, recentemente a VCI SA quitou seus R$ 48 milhões em debêntures em inéditos 28 meses de antecedência, recolheu todos os papéis em circulação na B3 e solicitou à CVM o Fechamento de Capital. Após a comprovação de que todos os balanços e obrigatoriedades estavam regulares, a solicitação foi acatada pela CVM.
Parceiros de porte e valorização de mais de 100%.
Em 2020, a VCI contratou a BN Bueno Netto – umas das cinco maiores construtoras do Brasil – para acelerar a execução das obras na praia de Lagoinha, em Fortaleza, em um contrato de R$ 100 milhões. Já em fase de finalização, este será o primeiro hotel da rede entregue no Brasil. Também são parceiros outros líderes de mercado, como QMC de infraestrutura de sinal de celular, a HP de tecnologia de comunicação, a Totvs que vai lançar um produto específico para multipropriedade após fechar acordo com a VCI, a Oracle, a Amazon, e várias outras multinacionais.
As obras do empreendimento impressionam pela grandeza. Só em Fortaleza a previsão é consumir 6 mil caminhões de concreto, 2,2 milhões de quilos de aço, mais de 5 mil km de cabeamentos, 120 km de tubulões de saneamento, 46 elevadores para construção do complexo turístico, que vai totalizar mais de 78 mil m2 de área construída, 535 apartamentos e casas e terá capacidade para 3.000 felizardos simultâneos entre clientes, hóspedes e day users, preservando o luxo e alto padrão.
Hotelaria internacional coloca Brasil no circuito mundial
Os oito empreendimentos da VCI SA no Brasil agregam ao catálogo mundial da grife Hard Rock um mix de hotéis e resorts fiéis às características, ao design e à arquitetura da marca, e vão compor uma estratégia gigante de colocar definitivamente o Brasil no circuito dos grandes resorts internacionais, como ocorre no Caribe, em Cancun, na costa da Florida, em Ibiza e outros destinos. “O Brasil é de grande importância para a expansão global da marca Hard Rock Hotel. Toda a implantação da operação hoteleira é feita pela equipe da Hard Rock, pois os hotéis vão entrar em nossa rede global”, destacou o Vice-Presidente Sênior da Hard Rock Internacional, Alex Pariente, em sua recente visita às obras.
Ao chegar a um novo município, a VCI assume também o compromisso de promover o desenvolvimento local. E não poderia ser diferente, afinal um empreendimento hoje só é de alto padrão de verdade se for sustentável em todos os seus impactos, além de fomentar empregos e geração de renda. O interesse é tanto que o governador da Paraíba, João Azevêdo, foi visitar o empreendimento neste mês para conhecer e convidar a VCI para empreender em seu Estado. Recebido por Sicchierolli, a pauta da conversa foi o turismo sustentável como alavanca de desenvolvimento regional.
Oportunidade na Hard Rock
Ao adquirir uma fração de um dos Residence Club at the Hard Rock Hotel no Brasil, o cliente VCI passa a ser proprietário de 1/26 do imóvel, com escritura e matrícula, e usufrui de todo o conforto e qualidade de serviços cinco estrelas que a rede mundial oferece. Como proprietário, pode desfrutar de duas semanas por ano, pode alugar através do pool do hotel, ou trocar suas semanas de uso em um determinado ano por hospedagens em mais de 4.300 destinos no mundo através da RCI.
Bourbon Hotéis e Resorts foca no segmento
Pensando sempre em inovação e conforto, alinhada com as principais tendências do mercado, a Bourbon Hotéis e Resorts entrou no mercado de timeshare em 2019, conceito de hospedagem que garante às famílias férias o ano todo. O Bourbon Destination Club é um produto, realizado em parceria com a RCI, que permite a aquisição de pontos que dão direito a usufruir de hotéis e resorts Bourbon em um determinado período de tempo.
O mercado de timeshare segue em expansão, assim como o de multipropriedade, outra aposta da Rede Bourbon para a temporada 2021/2022 com o Bourbon Residence Club, que vai disponibilizar apartamentos com a qualidade e serviço padrão da Bourbon Hotéis e Resorts, em dois destinos brasileiros e que terá ainda seu valor agregado ampliado pela integração com os hotéis da Rede Bourbon. “A nova operação tem um VGV estimado de R$ 500 milhões e será integrada com o Bourbon Destination Club, oferecendo aos clientes mais opções de aproveitar seus momentos com a família e amigos no Bourbon Hotéis e Resorts”, destaca Luiz Fernando Mathia, Diretor Vacation Ownership.
O Bourbon Destination Club é comercializado pela Bourbon Hotéis e Resorts e conta com salas de vendas no Bourbon Cataratas do Iguaçu Resort (PR) e no Bourbon Atibaia Resort (SP). Os clientes podem usufruir de mais de 4.300 hotéis filiados à RCI, em mais de 100 países, além de poderem fazer intercâmbio de seus pontos com todas as unidades da Rede Bourbon. A pontuação necessária para cada hotel ou resort é variável de acordo com o destino, categoria e período desejado, permitindo férias planejadas e acessíveis no conceito que nasceu na Europa na década de 60 e que atualmente é um sucesso no mundo todo.
Fonte: Revista Hotéis